O QUE FAZIA NA ÉPOCA:
Diretor de marketing do
Banco do Brasil
O QUE FAZ HOJE:
Aposentou-se pelo Banco do
Brasil em julho de 2005, com salário de 13.000 reais mensais. Mora em um
apartamento na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, comprado um mês depois
de receber 336.000 reais de Valério. O imóvel custou 400.000 reais.ACUSAÇÃO:
Recebeu propina para favorecer uma agência de Marcos Valério na execução de contratos milionários com o Banco do Brasil, com prejuízo para o banco estatal
CRIMES:
Corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
O QUE GANHOU DO ESQUEMA:
Recebeu 326.660,67 reais
do valerioduto por intermédio de um funcionário da Previ
EVIDÊNCIAS APONTADAS PELA PROMOTORIA:
Pizzolato recebeu em sua
residência 326.660,67 reais do valerioduto, por intermédio de um funcionário da
Previ, em razão dos serviços prestados à quadrilha. Foram vários os serviços,
desde a contratação da DNA de Marcos Valério até a prorrogação do contrato e a
antecipação de pagamentos sem a devida prestação de contas.
Entre maio e junho de
2003, o Banco do Brasil autorizou o pagamento adiantado de 73.851.000 reais à
DNA, em quatro parcelas, por intermédio da empresa gestora do fundo Visanet.
Pelo menos três das parcelas foram justificadas pela agência de Valério com
notas frias, de acordo com laudo pericial, e não há comprovação da aplicação
dos recursos. Só a DNA mereceu este tratamento na gestão de Pizzolato. Na CPI
dos Correios, Pizzolato atribuiu ao então titular da Secretaria de Comunicação,
Luiz Gushiken, a ordem para autorizar os pagamentos. 'Assine o que é preciso
assinar', teria dito Gushiken.
Pizzolato permitiu também
que a agência do mensalão embolsasse descontos, comissões e bonificações
oferecidas por empresas subcontratadas, o que, por previsão contratual,
deveriam ser abatidos do contrato original. Exatos 2.923.686,15 reais, conforme
levantamento do TCU, foram desviados por esse expediente durante a gestão de
Pizzolato.
A Procuradoria considera
que a DNA já detinha contratos com o Banco do Brasil antes de Pizzolato chegar
ao marketing do Banco do Brasil, mas foi na sua gestão que os repasses foram
concentrados em favor da agência de Valério sem que houvesse controle sobre a
aplicação do dinheiro.
Segundo a Procuradoria,
Pizzolato agiu de forma deliberada em favor da quadrilha do mensalão.
O VOTO DO MINISTRO
JOAQUIM BARBOSA:
O esquema do valerioduto recebeu dinheiro público por meio de repasses irregulares do Banco do Brasil (BB). A conclusão é do relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, que evidenciou, de forma detalhada como o réu Henrique Pizzolato participou do desvio de milhões de reais da instituição financeira para a DNA Propaganda, de Marcos Valério, e ainda atuou de forma irregular ao antecipar em benefício do publicitário mineiro dinheiro do banco público. Em seu voto, o magistrado votou pela condenação de Pizzolato pelos crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
NA AVALIAÇÃO DO MINISTRO RELATOR, ainda que Henrique Pizzolato não fosse o gestor do Banco do Brasil junto ao fundo Visanet, “é incontornável a conclusão de que, no exercício da função, era a autoridade máxima a comandar em nome do Banco do Brasil as vultosas transferências de recursos em nome da DNA”. “Embora Pizzolato não fosse gestor do Banco do Brasil junto do fundo Visanet, a atuação desse gestor dependia de sua prévia autorização por meio das chamadas notas técnicas, nas quais (Pizzolato) indicava a DNA como favorecida”, disse Barbosa.
O esquema do valerioduto recebeu dinheiro público por meio de repasses irregulares do Banco do Brasil (BB). A conclusão é do relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, que evidenciou, de forma detalhada como o réu Henrique Pizzolato participou do desvio de milhões de reais da instituição financeira para a DNA Propaganda, de Marcos Valério, e ainda atuou de forma irregular ao antecipar em benefício do publicitário mineiro dinheiro do banco público. Em seu voto, o magistrado votou pela condenação de Pizzolato pelos crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Do total pago irregularmente pelo Banco do Brasil, 2,9
milhões dizem respeito ao chamado bônus de volume, uma gratificação paga pelos
veículos de comunicação a anunciantes. De acordo com o contrato firmado entre o
Banco do Brasil e a DNA, esses recursos deveriam ser pagos à instituição
financeira. Mas a DNA se apropriou do montante. Outros 73,8 milhões foram pagos
pelo Banco do Brasil à companhia de Valério sem que houvesse comprovação de
qualquer serviço prestado. Parte dos pagamentos foi justificada com notas
fiscais frias.
Ao tratar dos bônus de volume embolsados pela DNA, o
ministro foi enfático “A clareza da obrigação de devolução e o fato de todos os
valores de bônus de volume de que a DNA Propaganda se apropriou pertencerem
expressamente ao Banco do Brasil permite concluir que houve irrecusavelmente o
crime de peculato”, disse o ministro. De acordo com ele, dados contratuais
constataram que os valores deveriam ser devolvidos à instituição financeira,
mas acabaram desviados. “O público não se transmuta em privado pelo fato da
mera detenção provisória e precária por parte do particular”, criticou o
ministro. Está devidamente comprovado que a DNA Propaganda se apropriou de
recursos que deveriam ser devolvidos ao Banco do Brasil, conforme determinação
contratual, completou ele.
Joaquim Barbosa ressaltou que o então funcionário do
Banco do Brasil foi propositadamente omisso, se eximindo de exigir o
cumprimento do contrato e, consequentemente, não atuando para garantir que os
bônus de volume voltassem aos cofres públicos. O réu não exerceu seu dever
funcional de exigir o cumprimento do contrato e permitiu o desvio dos valores
em proveito particular da DNA Propaganda, relatou. O conluio para a prática do
crime é reforçado pelo fato de Pizzolato manter reuniões com Valério. Ao todo,
foram cerca de dez reuniões, disse ainda Barbosa.
Visanet - Na segunda parte das anotações em que conclui
que o valerioduto se valeu de recursos públicos, Joaquim Barbosa disse que
Henrique Pizzolato recebeu propina de cerca de 326 000 reais como pagamento
pelos serviços prestados à quadrilha. Entre as razões para o ex-diretor ter
sido beneficiado por Valério, conforme denúncia do Ministério Público, está o
fato de o Banco do Brasil ter autorizado o pagamento adiantado de mais de 73
milhões de reais à DNA.
“As informações são cristalinas. A Visanet só enviou
recursos à DNA Propaganda por determinação do Banco do Brasil, acionista do
fundo. Os repasses milionários as agências de Marcos Valério e de seus sócios
foram determinados por meio de notas técnicas comandadas pela diretoria de
Marketing do grupo”, disse o ministro. “Portanto, quem pagou a DNA Propaganda
foi o Banco do Brasil, e não a Visanet, que foi mera repassadora dos recursos”,
argumentou ele.
NA AVALIAÇÃO DO MINISTRO RELATOR, ainda que Henrique Pizzolato não fosse o gestor do Banco do Brasil junto ao fundo Visanet, “é incontornável a conclusão de que, no exercício da função, era a autoridade máxima a comandar em nome do Banco do Brasil as vultosas transferências de recursos em nome da DNA”. “Embora Pizzolato não fosse gestor do Banco do Brasil junto do fundo Visanet, a atuação desse gestor dependia de sua prévia autorização por meio das chamadas notas técnicas, nas quais (Pizzolato) indicava a DNA como favorecida”, disse Barbosa.
O ministro antecipou haver “colaboração criminosa” entre
o grupo de Valério para atuar no esquema do mensalão e, sob comando do ex-tesoureiro
do PT, Delúbio Soares, distribuir recursos a parlamentares. O relator ainda
mostrou, de forma didática, como os recursos pagos irregularmente pelo Banco do
Brasil foram usados para a cooptação de parlamentares pelo governo Lula no
mesmo dia em que recebeu 35 milhões de forma irregular, por exemplo, a DNA
transferiu 10 milhões de reais uma conta-investimento no Banco BMG. Quatro dias
depois, esse montante serviu de garantia para o empréstimo concedido pelo BMG
ao empresário Rogério Tolentino, comparsa de Marcos Valério. No mesmo dia,
Tolentino transferiu 3,1 milhões de reais para a Bônus-Banval, empresa que
distribuiu recursos diretamente a deputados do PP indicados por Delúbio Soares.
“Os empréstimos simultâneos serviram para dissimular os
desvios de recursos do BB para os fins privados dos acusados Marcos Valério,
Cristiano Paz e Ramon Hollerbach e para as pessoas indicadas por Delúbio
Soares”, disse Barbosa sobre as formas como os recursos públicos iam parar no
valerioduto.
SERVIÇOS - O
relator também listou vários problemas nos serviços prestados pela DNA
Propaganda – como baixa qualidade nos textos , acabamento inadequado e
inconsistência das propostas de mídia – e mostrou que Henrique Pizzolato agiu
de forma criminosa ao renovar o contrato com a companhia de Valério.
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