Por que os MITOS são
importantes?
A linguagem mítica é muito
profunda.
É importante saber como
nascem os mitos, o que eles representam, como nasceram, a fim de entendermos o
simbolismo do mito.
No caso concreto que
iremos referir:
Do ponto de vista
filosófico, o importante é o significado do mito.
Se existiu historicamente
ou não o rei Arthur, é irrelevante.
Quando Roma coloniza a
região do sul da Inglaterra (A Bretanha), transforma-a em uma ilha organizada
no meio de povos bárbaros (saxões, escoceses).
Com a decadência, Roma
deixa de ter condições de sustentar uma colônia tão distante e deixa a Bretanha
à sua própria sorte.
Os bretões, que são os
celtas “romanizados”, ali permanecem cercados pelos bárbaros.
Mais tarde, os bretões
aliam-se aos saxões, e estes, ao entrarem na Bretanha se admiraram da riqueza
do local, pelo que logo quiseram dominar a região.
Surge posteriormente
Merlin, criança especial, que no reinado de Voltijem (um reino celta), é levado
ao rei para ser sacrificado.
Merlin avisou o rei da
inutilidade da sua morte e prevendo o futuro do rei, é poupado do sacrifício.
Merlin torna-se um
guerreiro pela unificação da Bretanha (uma só terra, um só rei).
Relação entre o histórico
e o mítico
Vortigen é personagem
histórico, Merlin já não se sabe (Sempre
há uma faceta histórica por detrás de um mito).
A História enuncia os
fatos, o mito explica-os
O mito seria o mundo dos
ideais humanos.
A forma ideal de ação.
O arquétipo (palavra mais
sofisticada que significa modelo, ideal de uma conduta perfeita).
Quando se preenche o
modelo com a substância ele vira FATO.
(exemplo a costureira e a
calça).
Então a questão é...
Pode haver um modelo para
o comportamento humano?
Um modelo que aponte como
enfrentar as dificuldades?
A resposta é afirmativa,
uma vez que o homem, ao longo da sua trajetória, tem um ponto de partida e um
ponto de chegada (O IDEAL).
Entre estes dois pontos há
diversas etapas.
Será que existe uma forma
ideal de se enfrentar estas etapas?
Existirá um modelo de
perfeição e sabedoria para enfrentar as fases?
O MITO é um MODELO de como
o homem pode aceder a um outro estagio e motivo, um outro estagio de
consciência.
Portanto, ele está acima
de qualquer tempo e de qualquer espaço.
É atemporal.
Tanto o homem do passado,
como o do presente e como o do futuro enfrentam as mesmas etapas para chegar ao
IDEAL.
(ex: lidar com a vida, a
morte, o desejo, etc., é sempre da mesma maneira. A questão é saber lidar com
as nossas escolhas, saber controlar o nosso temperamento).
Os Mitos são portanto
abstrações que pertencem à Humanidade.
Eles representam os
modelos do perfeito.
Como são abstratos,
necessitam dos símbolos.
Os gregos dividiam o mundo
em FÍSICO – EMOCIONAL – ESPIRITUAL.
O Mito refere-se ao mundo
das ideias , o espiritual, enquanto que o Símbolo representa a resposta.
NA FILOSOFIA:
- A Filosofia dá as ferramentas para se saber
qual seria o IDEAL.
Isso estará na
consciência.
- Porém, o maior aliado da nossa INÉRCIA é a
INCONSCIÊNCIA.
A nossa consciência nos
cobra e vai avisando dos erros que vamos cometendo.
Através do MITO
banaliza-se a vida.
O MITO desce ao mundo
através dos símbolos que são vivenciados e correspondem às transformações
praticas da vida dos homens.
Nós ainda não geramos
símbolos próprios e por isso usamos os símbolos existentes, dos gregos , dos
egípcios, etc... Ainda não nos conscientizamos para a necessidade de criarmos
nossos símbolos.
Segundo Platão, uma
sociedade sem heróis está sujeita a permanecer na mediocridade.
Ela perde a perspectiva da
dimensão que poderia alcançar.
ANÁLISE FILOSÓFICA:
O Homem somente terá
acesso ao plano espiritual através de um processo de transmutação da
consciência, a fim de reformular valores, transformá-los e fim de renascer novo
e purificado para a vida interior.
(o feitiço da transmutação
de Uther levou a renascer purificado em Arthur).
Para Platão, a vida tem 3
atributos (o bem, o belo e o justo).
Para o homem, é mais fácil
apreender o belo, que é o atributo mais perceptível do homem.
Através do belo pode-se
alcançar o divino.
Simbolicamente, o elemento
fundamental do mito é Arthur, que representa o princípio espiritual.
Guinevere representa a
alma e Lancelot o corpo físico.
Quando os 3 se unem estabelecem
um reino invencível.
Eles representam o mundo
que se encontra dentro de nós.
Exemplo:
Guinevere ama seu corpo,
se atrai pela sua beleza, e trai o rei Arthur.
Quantas vezes o ser
humano, para resguardar seu corpo físico, trai os princípios espirituais em
prol do corpo físico?
A traição fundamental é a
traição da psique humana.
Quando não nos submetemos
aos princípios espirituais destruímos o nosso corpo, pois por inércia,
adquirimos vícios, manias, etc...
Lancelot, se não se
submetesse a Arthur tornar-se ía um mendigo, um eremita.
A procura do GRAAL já é um
processo da cristianização do mito, e simboliza a união dos 3 corpos.
Recuperar o Graal
significava reunir o principio espiritual, o psicológico e o material (físico),
sob uma única lei.
O Graal representa o pacto
entre o divino e o humano, a reunião dos 3 mundos em prol de uma única LEI.
No MITO, Arthur representa
o principio espiritual, Guinevere a psique e Lancelot, (cavaleiro), representa
o físico. Camelot é o símbolo do homem ideal.
Quando Guinevere se
enamora de Lancelot e trai Arthur, estamos perante o grande drama humano, quando
se traem princípios espirituais, quando o homem, por apego à personalidade trai
o seu ser.
A traição de Guinevere em
relação a Arthur, representa o fim da união dos 3 mundos.
Quando Arthur manda
procurar o Graal, ele está mandando procurar o Graal, essa união dentro de cada
ser.
Quem no mito representa
isso é Galahad, que é a união dos 12 Cavaleiros da Távola Redonda num só ponto.
É a culminação de todas as
virtudes humanas, representando aquele que consegue conquistar a si próprio
numa única lei. = é o HOMEM IDEAL.
No final, Arthur é ferido
e entrega a espada EXCALIBUR a um de seus cavaleiros.
Este lança-a ao lago e ela
desaparece.
A água representa o símbolo
do mundo material.
Ela só ressurgirá quando
os homens forem dignos dela e dos princípios espirituais.
Segundo o mito, uma vez
por ano, Arthur se reúne com os cavaleiros, pergunta se estes estão prontos e
eles negam.
Passa-se assim mais um ano
e ele volta a adormecer.
Os cavaleiros andam pelo
mundo e aguardando o retorno de Arthur.
(Procurando o mundo
espiritual).
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