sexta-feira, 26 de outubro de 2012

PARA INOCENTAR CULPADOS
UM HIPÓCRITA DE CARTEIRINHA
ACUSA O SUPREMO
DE HIPOCRISIA.


Inconformado com a condenação dos companheiros bandidos pelo Supremo Tribunal Federal, Lula repete de meia em meia hora seu diagnóstico sobre o julgamento do mensalão:
 “É UMA HIPOCRISIA”.

O ex-presidente nunca escondeu que foge de leituras como o diabo da cruz, o vampiro da claridade e Dilma Rousseff da verdade.
Pode-se deduzir, portanto, que nunca viu um dicionário a menos de um metro de distância.
Se provavelmente ignora a grafia da palavra que anda recitando, Lula decerto desconhece seu significado.
Alguma alma caridosa deveria fazer-lhe o favor de contar que, segundo o Aurélio, hipocrisia quer dizer fingimento, falsidade, fingir sentimentos, crenças, virtudes, que na realidade não possui.
Derivada do latim e do grego, a palavra se aplicava originalmente à representação dos atores que usavam máscaras de acordo com o papel interpretado.
Em 1997, por exemplo, Lula usava a máscara de chefe da oposição quando foi incluído no elenco de 52 protagonistas da História do Brasil entrevistados para um documentário patrocinado pelo BankBoston e produzido pela TV1.
Numa das salas do Museu do Ipiranga, conversei por mais de uma hora com o então presidente de honra do PT.
Ainda convalescendo da derrota que lhe impusera Fernando Henrique Cardoso três anos antes, já estava em campanha para o duelo de 1998.
Fiel ao script ditado pela máscara da vez, o entrevistado caprichou na pose de campeão da ética e da modernidade, pronto para erradicar a corrupção, o populismo e outras pragas que sempre infestaram a política brasileira.
O vídeo mostra o que Lula disse sobre Jânio Quadros, FHC e o Congresso.
“Enquanto o povo gostar de políticos como o Jânio, nós não saímos do atraso”, começa a discurseira.

CONFIRA TRÊS TRECHOS:

Ø  SOBRE JÂNIO: “Sabe, o populista barato, o autoritário, o que acha que as pessoas tem que ter um
chefe que mande, que dê ordem, que use a chibata, sabe, que não tem respeito pelas pessoas, que grita com o jornalista, que ofende os adversários…
Eu, pela minha formação política, jamais me prestaria a ser um político desse tipo”.

Ø  SOBRE FERNANDO HENRIQUE: “Quando é que a pessoa começa a ficar ditador?
É quando a pessoa se sente superior aos demais…
Sabe, quando a pessoa se sente superior às instituições, às organizações da sociedade civil, quando a pessoa começa a entender que não precisa ouvir mais ninguém, quando a pessoa só tem boca, não tem ouvido, a pessoa começa a ficar com atitude de ditador”.

Ø  SOBRE O CONGRESSO: “Eu acho que o parlamento brasileiro funciona como uma espécie de bolsa
de valores. A verdade é que as pessoas de boa índole, as pessoas sérias, as pessoas comprometida com as suas concepções ideológica são minoritárias no Congresso. Aquilo é um balcão de negócio”.

Passados 15 anos, o entrevistado incorporou o que Jânio tinha de mais detestável, enquadrou-se no figurino que atribuiu equivocadamente a FHC e faz o que pode para tornar o Congresso mais cafajeste do que era em 1997. O farsante que agora acusa o STF de hipocrisia é um perfeito hipócrita. Mas este talvez hoje seja um dos seus traços menos repulsivos. Os outros são muito piores.

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