Senado recebe pedido
de impeachment
do ministro do STF Dias Toffoli
Procurador da Fazenda Nacional Mateus Carneiro apresenta
à Secretária-geral da Mesa do Senado denúncia de crime de responsabilidade
contra o ministro José Antônio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
A Secretária-geral da Mesa do Senado recebeu na tarde
desta quinta-feira (9) uma denúncia de crime de responsabilidade contra o
ministro José Antônio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Se acolhida, ela pode resultar em processo de
impeachment.
O responsável pela denúncia é o procurador da Fazenda
Nacional Matheus Faria Carneiro, que ressaltou ter tomado a iniciativa na
condição de cidadão, não em função de seu cargo.
— Vim aqui exercer um ato de cidadania, com as
prerrogativas que a Constituição me dá, buscando restabelecer o sentimento de
que os agentes públicos devem prestar contas a seus administrados e a seus
jurisdicionados.
Acho que este ato pode ser o início de um novo paradigma,
de outros cidadãos fazerem o mesmo também.
Eu sou só mais um, explicou.
O gabinete do ministro Dias Toffoli não se manifestou sobre o assunto até a
publicação desta reportagem.
JUSTIFICAÇÃO
Carneiro argumenta que o ministro Toffoli teria incorrido
em crime de responsabilidade ao participar de julgamentos em que deveria ter
declarado suspeição.
O procurador cita o caso específico do Banco Mercantil,
onde o ministro contraiu empréstimo em 2011.
Posteriormente, Toffoli participou de julgamentos que
envolviam o banco.
— Ele foi relator e julgou ações em que era parte o Banco
Mercantil.
Ao fazê-lo, julgou em estado de suspeição.
Não interessa se julgou a favor ou contra o banco, mas o
fato é que não poderia julgar.
Ao julgar, incorreu em crime de responsabilidade.
São fatos objetivos e notórios, não há discricionariedade,
na denúncia, afirmou Carneiro.
O procurador também disse esperar que o Senado acolha a
denúncia e dê andamento ao processo de investigação contra o ministro.
Para ele, a Casa tem a obrigação de levar o caso adiante
por ser parcialmente responsável pela nomeação de Toffoli, os ministros do STF
devem passar por sabatina no Senado e ter seus nomes aprovados pelo Plenário
antes de serem empossados.
— O Senado, assim como o sabatinou, tem o dever perante a
sociedade de fazer cumprir a lei, apurar os crimes que eu denuncio e
responsabilizá-lo.
Não espero nenhum tipo de justiçamento.
Espero que ele tenha direito ao contraditório e à ampla
defesa.
REAÇÃO
Vice-líder do PT, o senador Paulo Rocha (PT-PA),
reconhece a legitimidade do ato da denúncia, mas disse não acreditar que ela
possa prosperar na Casa.
— Qualquer pedido de intervenção ou impedimento de
autoridade deve ser analisado pelo Senado.
Mas não creio que esse tipo de iniciativa logre avanços.
O ambiente em que está o nosso país, de democracia,
liberdades e funcionamento das entidades, não dá motivo nenhum.
O Senado é uma casa democrática, que tem a leitura do
momento que estamos vivendo.
O processo de impeachment de um ministro do STF tem
várias etapas e é bastante longo.
Ao contrário do pedido de impedimento da presidente da
República, que deve ter início na Câmara dos Deputados, a acusação contra
membro do tribunal se inicia e se conclui no Senado.
Se a denúncia for aceita pela Mesa, é instalada uma
comissão especial de 21 senadores, que realiza diligências e inquéritos e
decide sobre a pertinência ou não do pedido.
Caso o processo chegue a sua fase final, para votação em
Plenário, o denunciado deve se afastar de suas funções até a decisão final.
É necessário o voto de dois terços dos senadores para que
o impeachment se concretize e o acusado seja destituído do cargo.
É possível também que ele seja impedido de assumir
qualquer função ou cargo público durante um máximo de cinco anos.
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