USTRA DIZ QUE
DILMA INTEGROU
GRUPO
TERRORISTA PARA
IMPLANTAR
COMUNISMO
Coronel reformado afirmou
que lutou para evitar 'ditadura do proletariado'.
Ele falou à Comissão Nacional da Verdade e negou participação em crimes.
Ele falou à Comissão Nacional da Verdade e negou participação em crimes.
Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado e
ex-comandante do DOI-Codi-SP entre 1970 e 1974
O coronel
reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe de órgão de repressão política
durante a ditadura militar, afirmou nesta sexta-feira (10) em depoimento à
Comissão Nacional da Verdade (CNV) que a presidente Dilma Rousseff participou
de "organizações terroristas" com intenção de implantar o comunismo
no Brasil. Para Ustra, se os militares não tivessem lutado, o Brasil estaria
sob uma "ditadura do proletariado".
Ao ser consultada, a
assessoria de imprensa da Presidência da República informou que ainda não tinha
conhecimento das declarações de Ustra. (em maio de 2013 e ate a data de hoje
não se manifestou)
De 29 de
setembro de 1970 a 23 de janeiro de 1974, Ustra foi chefe do Destacamento de
Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do
II Exército, órgão de repressão política durante o regime militar.
Ele
obteve na Justiça autorização para ficar calado durante o depoimento para o qual
foi convocado pela Comissão Nacional da Verdade. Mas mesmo assim resolveu se
manifestar. Ao chegar, pediu para fazer uma declaração inicial e depois
respondeu a algumas perguntas.
“Todas as organizações terroristas, todas elas
e mais de 40 eram elas, em todos os seus estatutos, seus programas está lá
escrito claramente que o objetivo final era a implantação de uma ditadura do
proletariado, do comunismo. O objetivo intermediário era a luta contra os
militares, derrubar os militares e implantar o comunismo. Isso consta de todas
as organizações”, afirmou.
Ustra se
referiu à presidente Dilma
Rousseff ao
afirmar que não estaria falando à Comissão da Verdade se um regime comunista tivesse
se estabelecido no Brasil.
“Inclusive
nas quatro organizações terroristas que nossa atual presidenta da República,
hoje está lá na Presidência da República, ela pertenceu a quatro organizações
terroristas que tinham isso, de implantar o comunismo no Brasil. Então
estávamos conscientes de que estávamos lutando para preservar a democracia e
estávamos lutando contra o comunismo. [...] Se não fosse a nossa luta, se não
tivéssemos lutado, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o
'paredon'. Hoje não existiria democracia nesse país. O senhores estariam em um
regime comunista tipo de Fidel
Castro [ex-presidente
de Cuba]”, completou Ustra.
Agi com
consciência, agi com tranquilidade, nunca ocultei cadáver, nunca cometi
assassinatos, sempre agi dentro da lei e da ordem. Nunca fui um assassino,
graças a Deus, nunca fui."
Carlos
Alberto Brilhante Ustra, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade
Nos anos
1960, a presidente Dilma Rousseff integrou as organizações clandestinas
Política Operária (Polop), Comando de Libertação Nacional (Colina) e Vanguarda
Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), dedicadas a combater a ditadura
militar. Condenada por "subversão", ela passou três anos presa no presídio
Tiradentes, em São Paulo (entre 1970 e 1972). No final dos anos 1970, no Rio
Grande do Sul, ajudou a fundar o PDT, de Leonel Brizola. Em 1990, filiou-se ao
PT.
Instrumentos
de tortura
Indagado sobre o que eram os instrumentos de tortura pau de arara e cadeira do dragão e com que frequência eram utilizados contra os presos, Ustra respondeu: “Está tudo escrito no meu livro, não vou responder”.
Indagado sobre o que eram os instrumentos de tortura pau de arara e cadeira do dragão e com que frequência eram utilizados contra os presos, Ustra respondeu: “Está tudo escrito no meu livro, não vou responder”.
"A
titulo de cooperação, entreguei à Comissão da Verdade um livro com mais de 600
páginas onde detalho tudo, como era feitas as prisões, os inquéritos, tudo o
que aconteceu. O meu depoimento que prestei está ali. Agi com consciência, agi
com tranquilidade, nunca ocultei cadáver, nunca cometi assassinatos, sempre agi
dentro da lei e da ordem. Nunca fui um assassino, graças a Deus nunca
fui", disse.
Durante o
depoimento, o conselheiro Claudio Fontelles apresentou documentos que apontam 50 mortes no
DOI-Codi durante o período em que o órgão foi chefiado por Ustra. O coronel
disse que não houve mortes na sede do órgão, mas "em combate".
"Eu
não vou me entregar. Eu lutei, lutei, lutei. Tudo o que eu tenho que declarar
eu já disse, está no livro. Neste momento, me asseguro o direito de me manter
calado reforçando a decisão do juiz da 12ª Vara de Justiça", disse.
Exército
O coronel reformado disse que fazia parte de uma "cadeia de comando" e que cumpria ordens.
O coronel reformado disse que fazia parte de uma "cadeia de comando" e que cumpria ordens.
“Eu era
um agente do Estado, comandante de uma unidade militar dentro da cadeia de
comando. Durante meu comando, nunca fui punido, nunca fui repreendido, recebi
os melhores elogios da minha vida militar”, afirmou ao fazer a declaração
inicial.
Ustra
disse que não era ele quem deveria estar respondendo pelas acusações, mas sim o
Exército. “Quem tem que estar aqui é o Exercito Brasileiro, que assumiu por
ordem do Presidente da República, a ordem de combater o terrorismo e sobre os
quais eu cumpri todas as ordens, ordens legais”, declarou.
Após o fim da audiência, em entrevista à imprensa, Fonteles rebateu a declaração de Ustra. Segundo o conselheiro, não se pode cumprir ordens ilegais. “Está no nosso direito penal que só se desculpa uma pessoa quando a ordem que ela recebe e cumpre não é manifestamente ilegal. Ordem de torturar, de matar, de fazer desaparecer, isso é manifestamente ilegal”, afirmou.
Para Fonteles, Exército, Marinha e Aeronáutica “são instituições fundamentais para a democracia” e não devem ser julgadas. “Esse é o grande equívoco, não está em julgamento nem nunca deverá estar as instituições militares”, disse, “maus agentes públicos é que denegriram o nome dessas instituições”.
Após o fim da audiência, em entrevista à imprensa, Fonteles rebateu a declaração de Ustra. Segundo o conselheiro, não se pode cumprir ordens ilegais. “Está no nosso direito penal que só se desculpa uma pessoa quando a ordem que ela recebe e cumpre não é manifestamente ilegal. Ordem de torturar, de matar, de fazer desaparecer, isso é manifestamente ilegal”, afirmou.
Para Fonteles, Exército, Marinha e Aeronáutica “são instituições fundamentais para a democracia” e não devem ser julgadas. “Esse é o grande equívoco, não está em julgamento nem nunca deverá estar as instituições militares”, disse, “maus agentes públicos é que denegriram o nome dessas instituições”.
Ex-agente
também depõe
Antes de Ustra, o ex-servidor do DOI-Codi de São Paulo Marival Chaves Dias do Canto afirmou em depoimento à CNV, que, durante a gestão do coronel reformado, cadáveres de militantes mortos em centros clandestinos de tortura eram exibidos como "troféus" a agentes do órgão.
Antes de Ustra, o ex-servidor do DOI-Codi de São Paulo Marival Chaves Dias do Canto afirmou em depoimento à CNV, que, durante a gestão do coronel reformado, cadáveres de militantes mortos em centros clandestinos de tortura eram exibidos como "troféus" a agentes do órgão.
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